Autor: Marcos Helano Montenegro*
_____________________
Enquanto, com o apoio do BNDES, o Governo do Estado avança no projeto de privatização dos serviços de água e esgoto, na Grã-Bretanha, depois de mais de três décadas, o fracasso das privatizações pelo governo neoliberal da Margareth Thatcher fica evidente, e a prestação pelo setor público dos serviços públicos é amplamente preferida pelos eleitores.
Pesquisa realizada em junho passado pelo YouGov, empresa internacional de pesquisa online e análise e dados, mostra que na Grã-Bretanha o apoio à nacionalização dos serviços públicos e dos transportes públicos cresceu significativamente nos últimos sete anos e que a grande maioria dos britânicos querem as empresas de água e esgoto, energia, ferrovias e ônibus nacionalizadas.
A análise destaca que a nacionalização de vários dos serviços públicos conta com o apoio dos eleitores dos diferentes partidos políticos, inclusive entre os eleitores conservadores. É o caso da nacionalização das ferrovias, das empresas de energia e da empresas de água e esgoto.
Informa o YouGov que há sete anos 59% dos britânicos queriam que as empresas de água e esgoto fossem nacionalizadas e que esse número agora está em 82% – um aumento de 23 pontos, sofrendo influência do péssimo desempenho das empresas no controle da poluição por esgotos das águas superficiais. Nos últimos meses foram registrados níveis recordes de extravasão de esgoto não tratado e a proposta das empresas privadas de resolver o problema por meio de contas mais altas não ajudou.
Os resultados da pesquisa de junho estão resumidos no gráfico a seguir com as respostas para a seguinte pergunta:
Você acha que os seguintes serviços deveriam ser nacionalizados e administrados pelo setor público, ou privatizados e administrados por empresas privadas?
Legenda: Roxo: preferência por operador público; Cinza: não sabe e Laranja: preferência por empresa privada.
Como é de se esperar, as funções essenciais do Estado continuam sendo amplamente preferidas para serem executadas pelo setor público, com o suporte de 89% para a polícia, 87% para o NHS (sistema nacional de saúde), 86% para as forças armadas e 85% para as escolas. Em seguida, vem as escolas e os serviços de água e esgoto.
Ainda é tempo de voltar atrás e evitar que em Sergipe se repita o fracasso britânico.
*Marcos Helano Montenegro é engenheiro e membro da coordenação do Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento – ONDAS.