A relação da juventude com os direitos humanos à água e ao esgotamento sanitário foi debatido por jovens ativistas na live do ONDAS, realizada em 24/6. Participaram do debate: Divaneide Basílio, Doutora em Ciência Sociais e vereadora na cidade de Natal(RN); Iago Montalvão, estudante de Economia na USP e presidente da UNE – União Nacional dos Estudantes; Pedro Monforte, estudante de Engenharia na UFRJ e integrante do Senge Jovem RJ; Kenya Barreto, Engenheira agrônoma e integrante da Juventude Teia dos Povos; e Rayssa Cortez (mediadora da live), Arquiteta e Urbanista, colaboradora do Br Cidades e do ONDAS na UFABC.
Divaneide Basílio iniciou sua intervenção questionado o porquê do debate sobre a água e saneamento parecerem distantes da juventude e fez uma provocação: “isso se torna um grande desafio”. Para ela, privatizar a água é um símbolo das retiradas de direitos que estamos vivenciando atualmente em vários setores. “Sabemos das dificuldades que as populações têm de acesso à água, de um bem que deveria ser ‘democrático’”.
A vereadora natalense também explanou sobre a importância da atuação parlamentar, exemplificando que, na Comissão de Direitos Humanos na Câmara Municipal de Natal(RN), “optamos que a Comissão teria uma ação voltada para as áreas de risco ou com potenciais de risco. E as pessoas perguntaram o que seria isso. Tivemos que explicar que o contexto dos direitos traz vários enfrentamentos às violências e uma delas é justamente o direito à cidade, o direito ao saneamento”.
Segunda ela, a pauta do acesso/exclusão da água está conectada com todas as outras pautas de juventude, “porque tem a ver com o direito de existir. Se eu vivo de forma insalubre, se não tenho acesso ao saneamento e às questões básicas, eu não tenho acesso a mais nada. Toda a questão sanitária compromete a possibilidade de viver. Então, essa é uma pauta das periferias, dos direitos humanos e uma pauta da juventude”, destacou.
Acesso à água potável não pode ser descolada do direito à vida
“O acesso à água potável não pode ser descolado do direito humano à vida”, enfatizou a engenheira agrônoma, Kenya Barreto, que trouxe ao debate a visão de uma matiz africana: “pensar a água a partir de um elemento vital, mas também de uma entidade, dentro de uma visão cosmo-indígena”.
Nesse contexto, ela explicou que a água assume, não só a dimensão enquanto mercadoria, mas de uma entidade, que está na natureza não só para nos servir, mas para uma relação de troca, uma relação de respeito. “E diante disso, percebemos que, ainda hoje, e, historicamente, onde habitam povos quilombolas, povos indígenas, é onde se preservam as nascentes dos rios e as matas”, explicou.
Pedro Monforte frisou que a juventude devem estar engajados ao tema da água, porque foi sempre os jovens quem estiveram na linha de frente das grandes transformações sociais, “porque é ela que tem a energia necessária para tornar essas transformações em realidade”. Ele, que atua com ocupações e favelas do Rio de Janeiro(RJ), ressaltou que um quarto da população da cidade vive em favelas “e as favelas, por via de regra, não têm acesso à água garantido”.
O estudante de Engenharia também associou à água a um direito humano e que “não pode ser visto como um direito isolado. É um direito à sobrevivência, ao direito à saúde, …”.
Em sua intervenção, o presidente da UNE, Iago Montalvão, ressaltou que a água vai ser o bem mais precioso para o humanidade muito em breve e, por isso, “todo esse interesse na sua privatização”. Para ele, na esfera de atuação política, os jovens devem estar conscientes que “o debate da água envolve a soberania nacional, que é a defesa das riquezas do nosso país a serviço do nosso próprio povo”.