ONDAS – Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento

ONDAS - Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento

Lançamento da Campanha Sede Zero marca encerramento do ENDHAS

Último dia do Encontro também contou com palestra e apresentação do novo e-book do ONDAS

Na mesa “Brasil, você tem sede de quê?”, que encerrou o Encontro Nacional pelos Direitos Humanos à Água e ao Saneamento (ENDHAS) no último sábado (11/12), a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão, falou sobre os casos de reestatização do saneamento no mundo. Segundo ela, as empresas que assumiram o saneamento em diversos países oligopolizaram e passaram a oferecer serviços de pior qualidade e mais caros.

“E nós estamos aqui abrindo espaço para que o saneamento seja privatizado”, afirmou Margarida, que ainda questionou: “Quem vai fazer o saneamento de cidades que não compensam o investimento? Em disputa estão apenas as jóias da coroa”.

Ela fez questão de garantir que a Cesama, Companhia de Saneamento Municipal, permanecerá uma empresa com gestão pública e democrática. De acordo com a prefeita, em Juiz de Fora, 95% da população têm acesso à água potável e que, com um serviço público, chegará a 100% até 2024.

Já o professor Marcio Pochmann falou sobre a pandemia. “Não foi apenas um ponto fora da curva, não vai desaparecer. Estamos diante de um quadro que decorre de um processo devastador, de aniquilamento do meio ambiente”. Ele também enfatizou a mudança pela qual passa a economia mundial, com consequências para as relações de trabalho. “Estamos em um processo de desproletarização. A relação não é mais salarial, é de débito e crédito. As pessoas vão atrás de financiamento para pagar suas contas”.

Para Pochmann, é algo desafiador pensar o desenvolvimento a partir do progresso. “Precisamos identificar possibilidades. Por isso, o projeto eleitoral é muito mais do que uma eleição. É um projeto para enfrentar problemas que são cruciais”.

Na sequência, Ricardo Moretti e Ana Lúcia Britto, ambos do ONDAS, fizeram o lançamento o e-book “Olhares sobre a Realização dos Direitos Humanos à Água e ao Saneamento”,  resultado do trabalho coletivo de pesquisadores de vários locais do país, que participaram do curso “Direitos Humanos à Água e ao Saneamento”, promovido pelo ONDAS.

Em seguida, o secretário-executivo do ONDAS, Edson Aparecido da Silva, fez o lançamento do manifesto da campanha Sede Zero, aberto à adesão de entidades. “Essa campanha dialoga fortemente com a campanha Despejo Zero e precisa do envolvimento de organizações, entidades, redes e movimentos para que seu objetivo seja cumprido”, afirmou Edson. A campanha Sede Zero traz uma série de recomendações que devem ser adotadas pelos três níveis de governo, com especial responsabilidade dos prestadores de serviços de água e esgoto, garantindo, assim, o acesso ao saneamento básico de qualidade pela população mais pobre.

Para finalizar o ENDHAS, os coordenadores das comissões organizadoras Rafael Bastos e Cristina Brandão destacaram simbolicamente três relatos apresentados durante o Encontro: da defensora pública Alessa Veiga, que atuou no caso da mulher que ficou presa por “furto” de água; da liderança do Quilombo Rio dos Macacos, Rose Meire; e do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, por seu trabalho em defesa dos direitos humanos.

O coordenador-geral do ONDAS, Marcos Montenegro, agradeceu a todos que se envolveram na realização do ENDHAS, falando sobre a vontade de realizar um próximo Encontro. “Precisamos romper a cultura do silêncio, como dizia Paulo Freire, e fazer com o que o povo brasileiro fale alto e tome conta de seu próprio destino”, finalizou Montenegro.

Leia:
Manifesto – CAMPANHA SEDE ZERO

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#ENDHAS

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