Autora: Natalia Duarte Cáceres
Informações: Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutora em Geografia
Ano: 2022
RESUMO
Esse trabalho analisa organizações comunitárias de fornecimento de água, suas repercussões (simbólicas, políticas e técnicas), bem como possibilidades de articulação e complementariedade com a gestão estatal do serviço de água. Para isso, foram selecionadas três organizações comunitárias do serviço de água, conhecidas como “aquedutos comunitários” em Villavicencio (Colômbia), uma cidade com 531.275 habitantes. Localizada nos Andes colombianos, onde a cordilheira encontra a região da “savana oriental” no centro do país, Villavicencio experimentou fortes transformações urbanas e socioeconômicas nos últimos vinte anos. O principal fornecedor do serviço de água na cidade é a Empresa de Água e Esgoto de Villavicencio (EAAV), uma empresa pública municipal criticada por apresentar deficiências técnicas e administrativas, tais como prolongados cortes no serviço. Nesse contexto, uma multiplicidade de operadores, privados e comunitários, foram surgindo no tecido urbano, questionando a ideia de que o grande modelo industrial e universal de distribuição de água constitui um monopólio natural e uma via única e idônea para o fornecimento de água nas cidades. Através de uma metodologia de pesquisa-ação, esse trabalho foi desenvolvimento entre 2017 e 2022, empregando vários procedimentos metodológicos qualitativos, tais como a observação participante, entrevistas semiestruturadas, censos comunitários e oficinas participativas. Orientada pela ecologia política, a abordagem dos “bens comuns” da Teoria da Ação Coletiva (OSTROM, 2011) e as reflexões de Dardot e Laval (2010, 2015) sobre “o comum” como um princípio político, essa pesquisa levanta três questões principais. Primeiramente, interroga-se sobre a pertinência técnica e os efeitos sociais do modelo de grandes redes de infraestrutura de água. Segundo, apesar dos conflitos e dificuldades identificados nos aquedutos comunitários, reconhece-se a gestão comunitária do serviço de água como estratégia de fornecimento flexível, democrática e contestatária, sendo que as organizações comunitárias deram origem, também, a movimentos sociais mais amplos que questionam os princípios – normativos e ideológicos- que sustentam a gestão do serviço de água na Colômbia. A terceira questão, como proposta geral desse trabalho, propõe a possibilidade de articular a ação pública com estratégias comunitárias de fornecimento de água em escala local, forjando novos paradigmas de gestão do serviço de água mais democráticos, mais sustentáveis e mais pertinentes para a realidade das cidades.
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