Destaques – 17 a 23 de setembro de 2022
Privatização do saneamento é remédio para matar o doente
Saneamento na pauta dos presidenciáveis
Movimento “RS pela Água”
Agro esgota em 30 anos aquíferos milenares na Arábia Saudita
A selvageria da privatização do saneamento no Brasil
Agenda: Cúpula da Ciência na Assembleia Geral das Nações Unidas vai discutir privatização da água
PRIVATIZAÇÃO DO SANEAMENTO É REMÉDIO PARA MATAR O DOENTE
“Hoje, o déficit em abastecimento de água e esgotamento sanitário tem nome e endereço. É a população econômica e socialmente mais vulnerável, residente nas periferias urbanas, nos assentamentos precários, nas favelas, nos morros, na área rural e nas áreas de povos originários ou tradicionais. É um público e são lugares em que não há interesse para o setor privado, pois investimentos não trazem arrecadação capaz de gerar lucros e, consequentemente, as transferências de recursos e de dividendos aos acionistas.”
Em artigo publicado pela Carta Capital , Edson Aparecido, secretário-executivo do ONDAS, e Amauri Pollachi, conselheiro do ONDAS, demonstram que a solução de privatizar o saneamento não produzirá os propagandeados benefícios à população. Muito pelo contrário.
SANEAMENTO NA PAUTA DOS PRESIDENCIÁVEIS
A Assemae realizou, dia 20 de setembro, o ENCONTRO COM OS PRESIDENCIÁVEIS, tendo como pauta o saneamento básico. A entidade enviou convite para as campanhas dos candidatos do PL (Jair Bolsonaro, que busca a reeleição), PT (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), PDT (Ciro Gomes) e MDB (Simone Tebet) para participar do evento on-line. Aceitaram o convite apenas a representante de Lula, a ex-ministra Miriam Belchior, e o representante de Simone Tebet, o ex-governador Germano Rigotto.
A abertura foi feita pelo presidente da Assemae, Rodopiano Marques Evangelista, e a moderação foi do secretário executivo da Entidade, Francisco dos Santos Lopes.
Em sua fala Miriam Belchior destacou alguns pontos como a universalização do saneamento básico até 2033, a modicidade tarifária para a população carente, o fortalecimento das agências reguladoras e a retomada dos investimentos oriundos do orçamento da união e de empréstimos do FGTS para ampliar a infraestrutura de saneamento básico do país.
Confira: https://www.youtube.com/watch?v=PaJWpzrPYuc
O movimento “RS pela Água” realizou no dia 22 de setembro ato em defesa do saneamento público. A caminhada começou em frente à Prefeitura de Porto Alegre, seguiu até o Tribunal de Contas do Estado e finalizou com abraço simbólico à sede Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
O Sindiágua/RS e várias entidades sociais repetiram a mobilização realizada em 28 de junho que reuniu milhares de servidores e sociedade civil de mais de 300 cidades onde a Corsan atua ou que têm suas companhias municipais ameaçadas de privatização, como é o caso do Dmae, em Porto Alegre.
“As entidades novamente se mobilizaram para esse grande ato. Estamos nos aproximando das eleições e uma vez mais queremos demonstrar a importância da água e da Corsan públicas para garantir serviços de qualidade com preço justo”, destacou o presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch.
Para o dirigente, empresas privadas têm interesse no lucro e a população vai sair perdendo. “Enquanto tivermos tempo faremos essa luta e seremos incansáveis em mostrar quem defende essa bandeira. É importante que os eleitores cobrem de seus candidatos o compromisso de manter serviços essenciais públicos”, completou.
Entre as entidades do movimento estão o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), entre outros.
AGRO ESGOTA EM 30 ANOS AQUÍFEROS MILENARES NA ARÁBIA SAUDITA
A falta de controle e regulamentação do uso de água para irrigação de monocultura de commodities tem produzido péssimos casos no mundo. Na Árabia Saudita, o agronegócio esgotou a água do maior aquífero saudita em 30 anos. O resultado não poderia ter sido mais infeliz: oásis milenares secaram e os próprios fazendeiros perderam seus negócios. Este estudo de caso não é um fato isolado e mostra o risco de muitas regiões do mundo que deixam de cuidar de seus mananciais e aquíferos.
No Brasil, até tínhamos uma norma para proteção dos mananciais e exploração da água para irrigação, mas o Conama derrubou na fatídica reunião com o ex-ministro Ricardo Salles em que houve uma revogação de normas de baciada: fim da proteção das APPS, dos mangues/restingas e fim das “normas para irrigação”.
A interferência das multinacionais do agronegócio nos governos acontece aqui, na Arabia Saudita, em países da África, nos Estados Unidos… Até quando a publicidade enganosa e os caríssimos esquemas de Relações Públicas e lobistas da agroindústria conseguirão livrar o setor de responder por tantos crimes ambientais contra a humanidade?
O agro tem produzido secas, tem gerado conflitos nos campos, tem devastado florestas e tem contribuído como poucos setores sujos (ex: indústria do petróleo e de mineração) para o agravamento das mudanças climáticas no mundo todo.
Saiba mais:
“What California can learn from Saudi Arabia’s water mystery” – Reveal: https://bit.ly/3iYu9w4
“Draining Arizona: Residents say corporate mega-farms are drying up their wells” – NBC News: https://nbcnews.to/3j17EGK
“Agro Trends and Challenges” – FAO/ONU: http://www.fao.org/3/a-i6583e.pdf
A SELVAGERIA DA PRIVATIZAÇÃO DO SANEAMENTO NO BRASIL
“Criar o mercado de águas é transformar grandes reservatórios em ativos financeiros, onde os direitos de uso de recursos hídricos serão negociados por empresas usuárias – na bolsa de valores, como se fossem títulos de renda fixa. Com a lógica da gestão estratégica de riscos e da alocação eficiente dos recursos, o capital está projetando e especulando a escassez da água para ganhar mais dinheiro e gerar mais lucro. Em outras palavras é a financeirização da natureza. Para ele (o Capital), a natureza é um estoque infinito de matérias-primas prontas para serem manufaturadas e assim poder obter uma altíssima mais valia.”
Confira o artigo de Dalila Alves Calisto, mestra em Desenvolvimento Territorial (UNESP) e integrante da Coordenação Nacional do MAB, para a interação ONDAS-Privaqua: https://ondasbrasil.org/a-selvageria-da-privatizacao-do-saneamento-no-brasil/
AGENDA: CÚPULA DA CIÊNCIA NA ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS VAI DISCUTIR PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA
A água é essencial para as pessoas e para o planeta, e é fundamental para os processos da vida. Na América do Sul, como em todo o mundo, existem inúmeros conflitos hídricos, relacionados à escassez (quantidade e qualidade), enchentes, acesso à água potável, entre outros. Esses conflitos socioambientais, que envolvem atores sociais, políticos e econômicos, são consequência de múltiplos fatores, incluindo aqueles relacionados a interesses econômicos e políticos, desigualdades sociais, clima, uso da terra e gestão da água.
Os conflitos hídricos na América do Sul tendem a ser mais frequentes à medida que se acentuam algumas tendências, como a produção de commodities e a privatização dos serviços de água e saneamento. Com o tema Conflitos socioambientais relacionados à água na América do Sul: tensões em torno ao acesso, ao uso e à gestão, essa sessão dentro da Cúpula da Ciência da Assembleia da ONU se concentrará nos conflitos hídricos existentes em cinco países da América do Sul, analisar suas consequências na gestão da água (pública e/ou privada) e no acesso à água de grupos vulneráveis e outros grupos sociais.
No dia 28 de setembro, a partir das 11h, além de apresentações de pesquisas de ponta, os palestrantes se envolverão em um rico diálogo para discutir as implicações e potenciais contribuições de suas descobertas.
Para participar é necessário fazer inscrição em: https://ssunga77.sched.com/tickets
Mais informações em: https://ssunga77.sched.com/event/14WE6/ref-28246-socioenvironmental-conflicts-related-to-water-in-south-america-tensions-around-access-use
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