ONDAS – Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento

ONDAS – Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento

O mapa brasileiro da contaminação da água

A matéria “Mapa da Contaminação” revela um extraordinário esforço jornalístico da Repórter Brasil, de desvendar informações inacessíveis à sociedade, sobre a qualidade da água que consumimos, e de procurar decodificar o hermético linguajar técnico sobre o tema, visando sua compreensão geral pelo público não especialista. O trabalho concentra-se em contaminantes químicos e radioativos, indo além da tradicional preocupação com os mais “populares” contaminantes biológicos. Dessa forma, mostra sua ocorrência nos municípios ao longo do tempo e sugere os riscos que o consumo de substâncias em concentrações acima dos padrões de potabilidade pode acarretar.

Com o Mapa, os cidadãos passam a dispor de informações que lhe permitam interrogar os riscos decorrentes do consumo da água e acionar os responsáveis nos casos em que considerem esses riscos inaceitáveis. Na linguagem técnica, trata-se de um trabalho de “comunicação de riscos”, que requer muita cautela para, ao tempo em que informa, não gerar pânicos exagerados e possíveis atitudes que levem a riscos ainda maiores, tais como abandonar a água do sistema público e recorrer a fontes ainda mais inseguras.

Tão importante quanto a divulgação dos dados propiciados pelo trabalho são as perguntas que este, indiretamente, levanta. Por que essa comunicação de riscos não é realizada regular e transparentemente pela vigilância da qualidade da água e pelos prestadores de serviços? Por que o Sisagua, a fonte dos dados, não é aberto ao acesso público ou, ainda melhor, não contém um módulo no qual tais informações são transmitidas de forma acessível? Por que quase 50% dos municípios não testam substâncias químicas e radioativas na água? Por que, nos 763 municípios que apresentaram valores das substâncias acima do padrão, não há uma comunicação efetiva sobre o tema com a população? O que justifica a introdução de desinfetantes na água gerar subprodutos indesejáveis em mais de 20% das cidades que os testam? Entre os responsáveis pela vigilância e pelo controle da qualidade da água, onde estão as falhas no processo?

Nesse contexto torna-se imperioso garantir o restabelecimento dos instrumentos de participação e controle social sobre a prestação dos serviços públicos, em especial o saneamento básico, desmontados pelo atual governo. (texto: Léo Heller)

➡️ LEIA AQUI A MATÉRIA ‘MAPA DA CONTAMINAÇÃO’ NA ÍNTEGRA.
[https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/mapa-da-agua-agua-da-torneira-foi-contaminada-com-produtos-quimicos-e-radioativos-em-763-cidades/#page2 ]

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